Uma reflexão sobre o 16 de abril em Canguaretama
Todos os anos, desde 1985, se repete uma comemoração no município conhecida como “o dia da emancipação”. Seria mais um feriado?
Mesmo
tendo participado da “festa de 1985”, promovida pelo prefeito da época,
eu li os principais autores sobre o assunto e descobri que não houve
essa EMANCIPAÇÃO em 16 de abril. Ocorreu apenas a elevação do município,
que era uma vila, para a categoria de cidade. Os municípios
brasileiros, até o advento do Estado Novo, poderiam se enquadrar nessas
duas categorias: os menores eram vilas e os maiores eram cidades. Essa
era uma tradição portuguesa adotada no Brasil durante o período
colonial, imperial e início da república.
Na
verdade o município de Canguaretama já havia sido fundado em 19 de
julho de 1858, quando ocorreu a súbita mudança da sede da freguesia e do
município, de Vila Flor para o povoado do Uruá. Tudo isso supostamente
devido a um descontentamento entre o capitão Sebastião Policarpo de
Oliveira e o padre José de Matos Silva, liderança políticas do lugar.
Sebastião
Policarpo era o senhor do engenho Juncal e representante do Partido
Conservador. José de Matos Silva era o vigário de Vila Flor, mas possuía
também o engenho Angelim e era Deputado Provincial pela terceira vez.
Ao seu lado estavam o capitão Anacleto José de Matos, seu irmão, e
Galdino Álvares Pragana, tabelião local.
O
padre era membro destacado do grupo dominante na província e determinou
a votação da lei nº 367 de 19 de julho de 1858, segundo a qual foi Uruá
elevada à categoria de Vila de Canguaretama. Se havia apoio popular,
não se sabe.
No
documento aqui publicado, por exemplo, podemos ver claramente a
existência do município de Canguaretama em 1860. Esse documento faz
parte de um dos relatórios da província do Rio Grande do Norte e mostra
os engenhos que cada município possuía naquela época. Canguaretama
possuía 11 engenhos.
Quanto
ao 16 de abril, foi apenas a passagem de vila par cidade, devido ao
aumento da população, mas Canguaretama já existia, como vimos, desde
1858. Em outro documento é possível ver a "Certidão de Nascimento" de
Canguaretama, que está guardada em um livro no Instituto Histórico e
Geográfico do RN.
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