Os trens em Canguaretama - História da Estação Ferroviária
A
primeira estrada de ferro do Rio Grande do Norte foi criada pela Lei Provincial
nº 682, de 8 de agosto de 1873, para ligar Natal à Nova Cruz. A obra só foi
concluída em 1883, mas em 31 de outubro de 1882 o trecho que liga Natal à
Canguaretama estava aberto ao tráfego. Essa
primeira Ferrovia deveria integrar a área de produção de açúcar e algodão do
sul da província com Natal. Seu trajeto sinuoso expressou bem como o governo
tentava beneficiar os produtores da região passando por suas fazendas. Entretanto,
a viabilidade econômica da ferrovia só ocorreu quando seu controle foi entregue
a empresa Great Western, em 1901. Um novo trecho se estendeu até a cidade
paraibana de Guarabira e interligou o sistema com a Paraíba e Pernambuco. Nos
anos de 1930, Getúlio Vargas ordenou a reorganização do sistema ferroviário
brasileiros estatizando várias empresas.
Com
surgimento da RFFSA, em 1957, parecia que as ferrovias teriam um futuro
garantido. Porém, o Estado Brasileiro, influenciado pela indústria
automobilística norte-americana, optou pelo transporte rodoviário nessa mesma
época. Com os governos militares, a influência norte-americana aumentou
e o projeto ferroviário passou a ser esquecido. Aos poucos o sistema perdeu
importância e passou a servir apenas ao transporte de mercadorias. A mobilidade
do transporte rodoviário, aliada ao sentimento de individualismo do modo
americano de viver, criou condições para o desuso do transporte ferroviário.
O
sistema ferroviário que servia a Canguaretama integrava transporte de
passageiros e mercadorias, passando pela cidade por volta das 7 horas e chegava
em Natal às 11. A volta se dava às 13h15min, chegando a Canguaretama por volta
das 17 horas. Um trem que vinha de Recife passava
regularmente nas terças e sextas-feiras, voltando nas quartas e sábados. A
parada de Piquiri foi construída para fazer o abastecimento de água, do rio que
passa próximo, na época dos trens a vapor.
No
início do século, no município havia um serviço de transportes urbanos, a Companhia Ferro Carril de Canguaretama.
O percurso era feito de bonde à tração animal e troles, com os trilhos ligando
o porto à estação. As mercadorias que entravam pelo porto poderiam ser
encaminhadas pelo tem e chegar com maior agilidade aos vários pontos alcançados
pela ferrovia. Transportava-se principalmente sal, madeira, açúcar e
aguardente, além dos passageiros que serviam-se dos trens da Great Western.
Na
atualidade as ferrovias são subaproveitadas e não existe interesse real da
sociedade em mudar a situação. Mesmo sendo um transporte barato que poderia
baratear os custos das mercadorias, a carga tributária faz com que muitos
empresários optem pela mobilidade do transporte rodoviário para burlar a
fiscalização.
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