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O NOME URUÁ

Em seus estudos, Câmara Cascudo afirmava que uruá ou aruá é uma palavra do vocabulário tupi, iuru-á, e que significa boca aberta. Esta é a denominação que os indígenas usavam para o caramujo e foi certamente a abundância desses animais nos rios, córregos e lagoas da região que originou o topônimo .
Não se sabe desde quando existia essa denominação para o lugar, mas é provável que o povoado tenha surgido a partir do século XVIII, quando nativos desgarrados de seus aldeamentos se juntaram com quilombolas e mestiços para formarem, sem grandes pretensões, uma comunidade. Seus habitantes não incomodariam aos proprietários das redondezas; ao contrário, deveriam colaborar com mão-de-obra de baixo custo.
A isso se acrescente o incidente da morte de André de Albuquerque Maranhão, quando o engenho Cunhaú foi confiscado pela Coroa. O governo teria ficado com suas propriedades entre 1817 e 1823. Nesse período, a contra-revolução teria se aproveitado para depredar as propriedades da família Maranhão na província.
Por esse motivo muitos trabalhadores tiveram que abandonar o engenho e alguns escravos aproveitaram para fugir. Essas pessoas deram início a vários núcleos populácionais e foram fundamentais para a consolidação do povoado de Uruá. É por esse motivo também que o Brigadeiro Dendé Arcoverde, herdeiro do Cunhaú, opinou para mudar o nome do lugar para Canguaretama.
O escritor Manoel Ferreira Nobre mencionou, ainda no século XIX, o local afirmando que era apenas um povoado distante três léguas de Vila Flor, habitado por índios que fabricavam vasos de barro, cuias, cestinhas de palha e cordas.
Há, sem dúvidas, uma idéia de pobreza empregada para o lugar que também foi expressa pelo escritor Nestor dos Santos Lima ao afirmar que esse lugar [era] um pobre arraial, onde não havia sequer um templo ou capela.Acrescenta ainda que, enquanto era apenas o Saco do Uruá, o lugar estava habitado somente por índios e negros.
Mas, essa idéia de atraso do povoado pode estar equivocada, pelo menos ao que diz respeito a meados do século XIX. É só observar atentamente o que dizia o então presidente da província, em 1857, Costa Dória, quando rejeitou o projeto da fundação de Canguaretama pela primeira vez:

Se Uruá vai se tornando um povoado importante e há esperança de que há de florescer para o futuro, não é a categoria de vila que lhe há de dar o crescimento...

Ele tinha razão. O território de Canguaretama sempre foi especial e disputado por vários povos desde os mais remotos tempos: potiguares, tarairius, franceses, portugueses, espanhóis e holandeses brigaram para estabelecer seus domínios nessa terra.

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