Movimentos políticos no século XX em Canguaretama

O Golpe de 1930 depôs o presidente da república Washington Luís, em 24 de outubro de 1930, e impediu a posse do presidente eleito Júlio Prestes. Getúlio Vargas assumiu a chefia do "Governo Provisório" em 3 de novembro de 1930, data que marca o fim da República Velha.

Em 5 de novembro o governador Juvenal Lamartine foi deposto e os municípios iniciaram um processo de mudança generalizado. Em Canguaretama foi organizado um governo provisório depois da deposição do Major Lula. A junta governista local escolheu Joaquim Fontes Galvão para o cargo de Prefeito, mas ele renunciou.

Devido a renúncia de Joaquim Fontes Galvão, a junta governista colocou Gorgônio da Nobrega Filho no cargo, no outro dia.  Entretanto, 24 horas depois, um telegrama vindo do comitê estadual, em Natal, indicava Jorge Calafange para assumir a chefia do Poder Executivo local. Foi uma época conturbada que criou ressentimentos e aprofundou as disputas.

Em 1935, quando ocorreu o levante dos comunistas, foi um momento de retaliação. As pessoas não entendiam o que era o comunismo, ajudando ainda mais na desestabilização política. O movimento que começou em Natal, no dia 23 de novembro, e logo se estendeu pelo interior.

No final da manhã do dia 25 chegou à Canguaretama um batalhão miliciano, comandado pelo Tenente Rangel, com aproximadamente 80 homens. De armas em punho, tomaram a cadeia pública e libertaram os presos. Pela tarde foi nomeado um novo prefeito, Fernando Dias Abreu, e outro delegado de polícia.

Os revolucionários requisitaram 500 mil réis da prefeitura e 400 mil réis da mesa de rendas. Poucas pessoas permaneceram em suas casas no centro da cidade, pois havia o medo de um confronto entre a polícia e os revoltosos, que estavam bem armados.

Alguns comerciantes teriam aberto as portas de suas lojas aos comunistas, talvez pensando em ganhar a confiança e ter participação em um possível governo. Muito dinheiro desapareceu, mas apenas os mais humildes foram presos. Militares da Paraíba vieram para combater o movimento e montaram um quartel improvisado no engenho Outeiro.

Controlada a revolta, a política foi restabilizada por um governo totalitário a partir de 1937. Esse cenário se manteve até o fim da Segunda Guerra Mundial. Nesse contexto, o município era ponto estratégico devido a presença do campo de pouso do Jiquí e o porto da Barra.

As lutas políticas se acirraram após a segunda guerra mundial. Antes do Regime Militar (1964-1985) ocorreu a deposição de um prefeito e o desmembramento de dois municípios. Os movimentos sindicais e o populismo ganhavam força. O golpe militar foi uma forma de barrar o avanço dos movimentos sociais.

No dia 6 de abril de 1964, os militares chegaram a Canguaretama nas primeiras horas da manhã. Ocuparam a sede do Sindicato dos Trabalhadores Rurais, situado à rua Dr Pedro Velho, retiraram os móveis e confiscaram a documentação encontrada. A sede da Liga Camponesa, que ficava na rua 19 de julho, foi rapidamente esvaziada.

Pessoas consideradas subversivas foram perseguidas. Os acusados foram levados a Natal, interrogados e liberados. Chico Porém terminou acusado de ter delatado os companheiros às Forças Armadas.