Desvendando o "mistério" do BATATÃO.

O Batatão é uma das entidades sobrenaturais mais conhecidas no Brasil. Em outras regiões também pode ser chamado de Boitatá, Baitatá, Bitatá, Fogo-fátuo, Fogo Corredor, Bola de Fogo e até mesmo de Fogo da Comadre com o do Compadre. Trata-se de uma incandescência que afugenta as pessoas, perseguindo os desavisados durante a noite ou simplesmente uma luz brilhante que aparece vagando pelo céu, no meio do mato ou em campo aberto. Quem vê sua luz na noite poderia ficar cego ou enlouquecer temporariamente.
O Batatão aparece especialmente nos lugares mais úmidos, como nas matas e nos manguezais. Muitas pessoas afirmam que o fenômeno seria o sinal de almas penadas, pagando seus pecados, como ocorre em Portugal e é chamado de alminhas.
Quando o Batatão é visto em dobro, vagando ou girando pelos ares, é chamado de o Fogo da Comadre com o do Compadre. Esse fenômeno é reconhecidamente de beleza impar, mesmo sendo absolutamente estranho em sua cor rubra e esmeralda extremamente brilhante.
O vocábulo é geralmente confundido com batata grande por quem não conhecem a narrativa. Entretanto, a palavra Batatão é de origem tupi, deturpada a partir da expressão mbaê-tata, que significa coisa de fogo, ou mboa-tata, que significa cobra de fogo.
O padre José de Anchieta, ainda no século 16, descreveu esse fenômeno com o nome de mbaê-tatá. Dizia ser uma assombração em forma de um facho de luz bastante temida pelos nativos e que aparecia junto ao mar e aos rios.
Entre as muitas lendas indígenas sobre essa incandescência, existe a de um monstro em forma de cobra que sobreviveu a um grande dilúvio enterrado em um buraco. Esse monstro chama-se Boitatá e mora nas profundezas dos rios, onde acostumou-se a enxergar no escuro e, por isto, seus olhos cresceram. Durante o dia ele é quase cego, mas durante a noite vê quase tudo e sai para se alimentar de restos de animais.
O Boitatá é uma narrativa dos povos indígenas amazônicos e mostra uma visão pobre e ignorante da sociedade atual que acredita que todos os indígenas são iguais.
Uma rara crendice popular ensina que todas as crianças devem receber o batismo até mesmo depois de mortas. Quando são sepultadas sem o passar pelo ritual do batismo, sete anos depois, seu espírito se transformaria em Batatão.
Nem sempre o Batatão é visto por um lado negativo, a assombração, o que causa medo, pois seria também uma espécie de protetor das matas contra os estranhos e incendiários que desrespeitam o meio ambiente.
Diversas culturas no mundo tentaram explicar esse fenômeno luminoso criando mitos e lendas. O mesmo Batatão do Brasil aparece também em outros países da Europa como a França, Alemanha, Portugal e Inglaterra, onde recebe outros nomes como lanterna, alminhas e farol.
Essas incandescências podem ser explicadas pela ciência como sendo causada pela produção natural de gás metano devido a as condições favoráveis de fermentação de matéria orgânica em áreas alagadas, especialmente no manguezal. Em condições especiais de pressão e temperatura, o metano pode sair do solo e se misturar com o oxigênio do ar.
Dependendo da concentração, o metano pode se inflamar espontaneamente, sem necessidade de uma faísca, causando uma combustão natural em forma de uma chama azulada de curta duração e gerando um pequeno ruído, que causa a impressão de um fenômeno sobrenatural. Se um indivíduo estiver próximo e correr, o deslocamento do ar pode levar a chama junto.
É por isso que se diz que o Batatão comeria animais mortos e que sua luminosidade viria dos olhos que ele se alimentaria. Como os animais em decomposição podem liberar gás metano, poderia ser essa a ligação das aparições próximas a animais mortos.
O Batatão também costuma ser apontado como um fenômeno extraterrestre, pois suas aparições são muito confundidas com visões de discos voadores ou de fenômenos sobrenaturais.
Há também a possibilidade do Batatão ser uma concentração de bactérias fosforescentes que absorvem a luz durante o dia e a liberam durante a noite como parte do seu ciclo biológico. Muito embora seja reconhecido como uma entidade sobrenatural, as evidências científicas comprovam a existência do Batatão como um fenômeno comum em áreas pantanosas.
As noites cada vez mais iluminadas, o uso de lanternas e luzes artificiais dificulta, agora, a identificação dos fenômenos luminosos. Até mesmo nos subúrbios, o homem venceu a escuridão e varreu da noite todos seus fantasmas.

Comentários

  1. Já tinha ouvido falar do Boitatá e Fogo-fátuo, mas nunca tinha ligado uma coisa à outra. Pensava no Boitatá, como uma entidade folclórica, como o Curupira ou Saci-Pererê. Essa postagem, esclareceu muito bem o "mistério", que eu nem sabia que era mistério...nunca tinha ido atrás...
    Muito interesante, Galvão
    Um abraço

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  2. Tenho uma enorme curiosidade quanto essa lenda, principalmente depois de ouvir relatos de meu pai : Meu pai, meu cunhado,um primo e dois cachorros de caça , saíram para caçar tatu, uma caça noturna, rotina na região. Nas proximidades do rio curimatau próximo a cidade de montanhas RN. Por volta das zero horas eles viram ao longe uma luz,como um farol de motocicleta, e comentaram entre eles. Olha lá tem mais gente caçando a beira do rio. Derrepente aquela luz vira para eles, aproximase , para a ums 15 mts começa a subir para o topo de uma mangueira ( árvore ) . um sugere correr, nesse meio tempo os cães estam aos seus pés, sem latir, as lanternas apagam,e meu pai diz: ninguém corre! E aquela luz volta ao solo e se vai. Conta meu pai, que era uma luz forte, que ouvia dela um tipo de assovio. Então decidem voltar, pois não havia como caçar , sem lanterna. Os cães não saíram mas para de perto deles. Em fim, aumento minha coriosidade em ver.

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