Os nativos que habitavam a região de Canguaretama



Na época inicial da colonização a região em que se encontra Canguaretama era habitada por nativos da etnia tupi, o povo potiguar. Eles estendiam seus domínios por todo o litoral da Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará. Segundo os relatos da época da colonização, essa etnia exibia um bom porte físico e altura acima de 1,65m. Tinham características mongólicas com olhos pequenos e amendoados, orelhas grandes e cabelos lisos; arrancavam os pêlos da barba, pestanas e sobrancelhas. Andavam nus, mas cobriam-se com peles de animais dependendo da época do ano. Pescavam, caçavam, cultivavam a mandioca, o milho e outros vegetais. Com canoas, navegavam os vários rios da região.
Entre esses nativos havia a tribo Paiaguá, que ocupava a região dos municípios de Canguaretama, Vila Flor, Pedro Velho, Várzea e Espírito Santo. Paiaguá era uma tribo lendária de hábeis canoeiros que teria vindo do Paraguai. Em Canguaretama existe a localidade do Paraguai, que os mais antigos chamavam de Paraguá. Nesse local teria existido a tribo Paiaguá. Esse povo deveria falar o guarani, língua muito próxima ao tupi. Há notícias que na região de onde vieram os paiaguá, na bacia do rio Paraguai, também existiriam os topônimos semelhantes aos de Canguaretama.
Outro núcleo indígena, denominado Gramació, existiu onde é hoje a atual cidade de Vila Flor. Essa aldeia aparece, com o nome de Ramaciot, em um mapa francês do ano de 1579. Foram eles que fizeram os primeiros contatos com os europeus. Por causa de uma possível aliança com os franceses, esses nativos foram dizimados por volta do ano 1600.
Gramació reaparece em 1700, quando os indígenas receberam uma légua quadrada de terra, dada pela Coroa portuguesa para um aldeamento. Foi nessa área que se implantou a Missão de Gramació, onde moravam nativos que falavam tupi, aldeados por padres católicos.
A etnia tapuia também esteve presente em nosso território, pois a bacia do rio Curimataú era área de transição dos territórios tupi e tapuia. Em épocas especiais, muitos nativos deixavam o



sertão e se aproximavam do litoral em busca de alimentos. Entretanto, a fixação deste segundo grupo ocorreu pela utilização da mão-de-obra barata para os portugueses que possuíam terras no litoral.
Não há registro claro da escravidão desses tapuia, mas é bem provável que este tenha sido o motivo da transferência deles para uma aldeia na região de Canguaretama. A Aldeia de São João da Ribeira do Cunhaú foi implantada em 1702, situando-se onde hoje é a localidade de Lagoa de São João. A aldeia era povoada por indivíduos da tribo Canindé, trazidos do sertão depois dos conflitos da Guerra do Bárbaro.
Em 1787, André de Albuquerque Maranhão pediu aforamento do Sítio Torre, que deveria ser o suposto local desse antigo aldeamento. Devido a problemas entre a família Albuquerque Maranhão e os índios que habitavam a região, deduz-se que o ato foi proposital para possibilitar a retirada dos indígenas que não queriam se submeter ao poder do proprietário de terra.
É importante acrescentar que esses índios tinham costumes seminômades, o que faz dessas localizações meras especulações, pois uma mesma tribo mudava de local de acordo com as necessidades. O comum era que se fixassem num local por dois anos e, quando escasseavam os recursos, os índios buscavam outro lugar para reconstruir a aldeia.

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