Lendas das águas e de caranguejos.

 

Lendas das águas e dos caranguejos.
Nos próximos meses falaremos sobre as lendas das águas e dos crustáceos em Canguaretama. O caranguejo sempre foi um símbolo para o município, algo que marca o inconsciente popular, uma marca indelével. Os caranguejos andariam pelas ruas da cidade. Dizia-se que era o melhor caranguejo do mundo, um sabor especial que encantava o paladar. Por outro lado via-se essa ligação também como algo negativo e incômodo, usando-se pelo lado político como: que como o caranguejo, o município andaria apenas para trás. Na verdade o caranguejo não anda exatamente para trás. Seu deslocamento mais ágil é para os lados, pois está adaptado para isso. Ele pode perfeitamente se deslocar para frente, mas é extremamente raro fazer essa observação. Ao ser acuado, no momento da captura, sua estratégia é recuar, andando de costas, e por esse motivo é o movimento de retroagir o mais lembrado para o animal. Independente da ligação do caranguejo com o meio líquido, o município de Canguaretama sempre esteve uma posição privilegiada com as fontes de água. Além do manguezal e a proximidade com o mar, há uma infinidade de rios e um período chuvoso abundante. Por dentro do manguezal existem incontáveis caminhos, as trilhas por água e terra. Ao longo dos anos os pescadores foram fazendo e modificando esses caminhos de acordo com suas necessidades. Assim fizeram picadas, desviaram camboas, recriaram pesqueiros. Conta a memória popular que os índios canoeiros possuíam um porto no Gitó, na margem do Rio Pituaçú, onde se instalou a salina São Pedro. Desse local, fizeram um caminho antiguíssimo, passando pelos Cassianos e indo até a lagoa onde nasce o rio Gramació, onde moravam. O caminho passava pelo meio da salina continuou sendo usado pelos pescadores da região depois do desaparecimento dos indígenas. Parecia haver uma simbiose entre os pescadores e a salina. Quando os viveiros de camarão se instalaram, a passagem foi impedida. Três bacias fluviais banham o município: Curimatú, Catu e Guaju. A área mais baixa onde se localiza o centro da cidade também caracteriza sua geografia e tudo isso reflete nas narrativas ligadas à água.

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