Os trens em Canguaretama - História da Estação Ferroviária


A Revolução Industrial exigiu um novo paradigma para a sociedade. A produção em grande escala necessitava de transporte adequado e os trens foram a resposta inicial para o problema. Para um país de economia agroexportadora, como o Brasil, as ferrovias integrariam as regiões produtoras com os portos marítimos, mas significavam investimento muito alto para o governo. A primeira ferrovia do Brasil foi um investimento particular do Barão de Mauá inaugurada em 1854 por D. Pedro II. Depois disso as empresas estrangeiras passaram a dominar o setor. 
A primeira estrada de ferro do Rio Grande do Norte foi criada pela Lei Provincial nº 682, de 8 de agosto de 1873, para ligar Natal à Nova Cruz. A obra só foi concluída em 1883, mas em 31 de outubro de 1882 o trecho que liga Natal à Canguaretama estava aberto ao tráfego. Essa primeira Ferrovia deveria integrar a área de produção de açúcar e algodão do sul da província com Natal. Seu trajeto sinuoso expressou bem como o governo tentava beneficiar os produtores da região passando por suas fazendas. Entretanto, a viabilidade econômica da ferrovia só ocorreu quando seu controle foi entregue a empresa Great Western, em 1901. Um novo trecho se estendeu até a cidade paraibana de Guarabira e interligou o sistema com a Paraíba e Pernambuco. Nos anos de 1930, Getúlio Vargas ordenou a reorganização do sistema ferroviário brasileiros estatizando várias empresas. 
Com surgimento da RFFSA, em 1957, parecia que as ferrovias teriam um futuro garantido. Porém, o Estado Brasileiro, influenciado pela indústria automobilística norte-americana, optou pelo transporte rodoviário nessa mesma época. Com os governos militares, a influência norte-americana aumentou e o projeto ferroviário passou a ser esquecido. Aos poucos o sistema perdeu importância e passou a servir apenas ao transporte de mercadorias. A mobilidade do transporte rodoviário, aliada ao sentimento de individualismo do modo americano de viver, criou condições para o desuso do transporte ferroviário. 
O sistema ferroviário que servia a Canguaretama integrava transporte de passageiros e mercadorias, passando pela cidade por volta das 7 horas e chegava em Natal às 11. A volta se dava às 13h15min, chegando a Canguaretama por volta das 17 horas. Um trem que vinha de Recife passava regularmente nas terças e sextas-feiras, voltando nas quartas e sábados. A parada de Piquiri foi construída para fazer o abastecimento de água, do rio que passa próximo, na época dos trens a vapor. 
No início do século, no município havia um serviço de transportes urbanos, a Companhia Ferro Carril de Canguaretama. O percurso era feito de bonde à tração animal e troles, com os trilhos ligando o porto à estação. As mercadorias que entravam pelo porto poderiam ser encaminhadas pelo tem e chegar com maior agilidade aos vários pontos alcançados pela ferrovia. Transportava-se principalmente sal, madeira, açúcar e aguardente, além dos passageiros que serviam-se dos trens da Great Western. 
Na atualidade as ferrovias são subaproveitadas e não existe interesse real da sociedade em mudar a situação. Mesmo sendo um transporte barato que poderia baratear os custos das mercadorias, a carga tributária faz com que muitos empresários optem pela mobilidade do transporte rodoviário para burlar a fiscalização.

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